terça-feira, 12 de maio de 2009


Tive um grande desejo de estar em dia com todos os sentidos. Em dia com a moral que condenava uma vida como a minha; em dia com a natureza que queria que na minha idade uma mulher tivesse filhos; em dia com o gosto que queria que se vivesse entre objetos bonitos, roupas novas e bonitas e que se morasse em casas luminosas, limpas e comfortáveis. Só que uma coisa excluía a outra, e para estar em dia com a moral não podia estar em dia com a natureza, e o bom gosto contradizia ao mesmo tempo a moral e natureza. Pensando nisso, deu-me a irritação costumeira, tão antiga quanto minha vida, por me saber sempre em dívida com a necessidade e impotente para satisfazê-la, a não ser sacrificando minhas melhores aspirações. Uma vez mais percebi que ainda não aceitava completamente meu destino, e isso me devolveu um pouco de confiança, porque pensei que, quando surgisse a oportunidade de mudar, não estaria desprevenida e a aproveitaria com conhecimento e determinação.

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